DEIXAR-SE SEDUZIR POR DEUS.

 Reflexão Dominical

22º DTC. Ano A – 28.08.2011

Jr 20,7-9;  Rm 12, 1-2; Mt 16,21-27

Prezados amigos e irmãos em Jesus Cristo.

         Jeremias lamenta contra Deus por estar passando por um período difícil na sua missão e vocação.

Vivia ele em Jerusalém numa época em que o reinado de Joaquim era desastroso em razão da sua incompetência política e ambição pelo luxo, orgias e total menosprezo aos pobres.

A religião também não ia nada bem em decorrência de lideranças espirituais que agiam contrariamente à vontade de Deus.

         E as suas palavras não eram ouvidas porque em meio a tantas desgraças políticas e religiosas, o povo também acabou cedendo ou acostumando-se com  desmandos afastando-se da espiritualidade.

         E Jeremias sofre com tudo isso como que sentindo-se desiludido na sua missão profética ao ponto de aborrecer-se com Deus visto que fora chamado por Ele justamente para denunciar todas essas praticas maléficas. Mas ao contrário do que esperava, tornou-se vitima de zombarias sempre que levantava sua voz contra a maldade e elevava o nome do Senhor.

         Queixa-se, então, Jeremias: “O Senhor me seduziu e me deixei seduzir. Agora sou vítima de zombarias. Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em Seu nome.”

         Embora pareça estranho, podemos entender Jeremias.

       Imagine meu irmão, sentir-se chamado por Deus para pregar e anunciar o Reino e de repente descobrir que não querem ouvir a sua palavra; não querem você no meio da política, da igreja,  do povo sofrido e carente ...

Mas o apego a Deus é muito forte.   Assim  sentem-se os que assumem um compromisso com Deus. A chama de Deus quando aquece o coração do homem servidor permite-lhe passar por cima dessas dificuldades e o faz reassumir o trabalho pastoral porque, mesmo que os homens – inclusive alguns comprometidos com o Evangelho – não queiram, a vontade de Deus é muito maior e acabamos por nos convencer de que vale a pena persistir e perseverar pelos caminhos que restarem. Como diácono, mesmo sem igualar-me às virtudes de Jeremias, sinto essa experiência negativa.

É nesse sentido a lição de São Paulo aos Romanos: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.

         Este é o desafio. Procurar descobrir em nossa Igreja, em nossas celebrações, em nossos dirigentes espirituais, em nossos irmãos, em nossas autoridades, nas pessoas em geral, se isso que se prega e que se faz é realmente a vontade de Deus. 

         E Mateus, no Evangelho de hoje, traz exatamente a idéia do que seja seguir Jesus.

         Jesus manifestava aos discípulos os sofrimentos pelos quais deveria passar, até a sua morte e ressurreição.

         E Pedro, então, todo valentão, chama Jesus e quer instigá-lo a recuar.  E vejam a bronca de Jesus: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus mas sim as coisas dos homens!'. E acrescenta: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.”

         É, meus irmãos. Tomar a nossa cruz e seguir Jesus. É o desafio para os corajosos na fé.

         Talvez você pense que essas coisas do tempo de Jeremias não acontecem hoje.

         Acontece, sim! Perseguição, inveja, intolerância, rivalidade. Maus pastores, uns não sabendo conduzir os seus rebanhos, e outros conduzindo para redis que não são os de Jesus. 

         Vejam a atual estatística publicada no jornal Gazeta de 24 deste mês, apontando o numero de católicos caindo para 68,4% até 2009, e o crescimento do numero de protestantes de denominações evangélicas, evolução tão visível que nem precisaria de estatística.  Por que?

         Mas “o fogo ardente” de Jesus que penetrou nos homens de boa vontade - e felizmente são muitos -, saberá fazer superar as deficiências, dar-lhes sabedoria e caridade para que o “Ide e pregai o Evangelho” seja levado a sério por todos – dirigentes e seguidores -  certos de que “o Pai, com os seus anjos, então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta”.

Louvado seja N.S. Jesus Cristo

Diác. Narelvi