Testemunho de vida é uma coisa. Mas revelações desnecessárias sobre passados de pessoas principalmente quando se escolhe uma ou outra informação mesmo que chocante, mas já ultrapassada e visivelmente já esquecida pelo tempo, não tem sentido.
Algumas televisões e revistas de vez em quando colocam no ar alguém "famoso" para contar partes da sua biografia e dela ouvir o que já estava programado para a entrevista, “algo extraordinário” como por exemplo, suas aventuras amorosas ou conseqüências de violência sexual em alguma fase da sua vida, que não dignificam em nada o entrevistado.
Faz-me lembrar aqueles coroinhas que na juventude com certeza gostaram de transar com o padre (pois até filmaram) e guardaram segredo para depois de maduros e o padre já velho, virem falar pra todo o mundo que “foram vitimas de pedofilia”. Lembra-me também de um documentário a respeito, de um senhor com mais de 60 anos de idade, apoiado em bengala, entrevistado em frente a uma Igreja num outro pais (Inglaterra ou EUA, não lembro bem), falando para a repórter mais ou menos assim: “quando fui menino, um padre me violentou aqui”! Que bobo, pensei, depois de velho vem desenterrar algo que talvez tivesse sido deprimente na época do acontecimento (talvez até voluntário), mas que na verdade, dava a impressão que a história o valorizava.
Não sei da intenção de quem vem confessar intimidades publicamente nos meios de comunicações, nem consigo imaginar como algo que fosse necessário, pois muitas dessas pessoas tiveram uma vida toda de luxuria, status social, riqueza tão exuberantes nunca tendo-se ouvido falar que tivessem sofrido alguma depressão ou trauma psicológica por causa disso. Ao contrário, demonstram que tiveram uma vida feliz, cheia de prazeres, fama, transas rotineiras, nominam alguns dos seus acompanhantes sem nenhum compromisso de namoro ou coisa séria, e sem nenhum resquício se sofrimento pelo que possa ter ocorrido no passado.
Inegavelmente que violências físicas ou sexuais praticadas contra crianças ou adolescentes, e mesmo contra adultos, são lamentaveis e traumatizantes e seus causadores pessoas covardes e criminosas. Mas se o ato sofrido ficou claramente demonstrado que foi superado pelo tempo, que não prejudicou o seu comportamento social e profissional, inclusive com oportunidades voluntárias de novas aventuras amorosas não violentas, exibições de erotismo e praticas de sexo, agenda de parceiros, vêm agora exibir essas facetas já sepultadas dando enfoque desmotivadamente a atentados violentos ao pudor de tantos anos, fazendo-se aparentar vitima sofredora, abrindo parêntesis para narrativas da trajetória de vida contando sobre algo que ela mesma conviveu com aparente naturalidade e superação em todos os sentidos, deixando de falar do que fizeram por livre vontade imoralmente e pornograficamente e seus danos tão violentos à juventude.
Diferente são os depoimentos educativos dos que trazem a público testemunhos sobre dificuldades da vida, sobre vícios e outros atentados sofridos em sua infância, adolescência ou outra fase da vida, mas com o objetivo exclusivo de ajudar, debater e orientar as novas gerações, sem buscar piedade, justificativas ou projeção pessoal.
Contar em entrevistas programadas em qualquer meio de comunicação coisas assim, do passado, quem sabe até mediante elevado cachê de um lado e a imprensa procurando alcançar melhor ibope, resolverá alguma coisa para o seu psique? Aliviará os sentimentos? Satisfará alguma vingança? Trará méritos? Não seria melhor procurar um psicólogo? Ou um dirigente espiritual em sendo religioso?
Com relação ao que narrou recentemente uma apresentadora a seu respeito na televisão a quem também cabe o comentário acima, as opiniões foram muitas conforme se vê na internet, uns achando ótimo, outros péssimo dependendo da formação de cada um, mas chama atenção para algumas delas como: “Desnecessária: os assuntos tratados pela apresentadora deveriam ter sido levados à terapia, não à TV”; “Apelativa: a guerra pela audiência de domingo proporcionou ao telespectador um espetáculo desagradável”
Diac. Narelvi
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