Continuação.
Testemunho favorável
ao diaconato permanente:
Vamos, em partes, sentir a lição
apostólica do bispo dom Aloísio Cardeal
Lorscheider que com autoridade e forte
vinculo com o Sagrado e normas da Igreja enobrece o diaconato, a exemplo de
tantos outros bispos.
4ª PARTE:
Uma Igreja toda ministerial
“4. Uma Igreja toda ministerial significa uma Igreja que se propõe em
seu ser e agir o ministério de Cristo. O ministério salvífico de Cristo
prolonga-se sacramentalmente no ministério da Igreja. Existimos e servimos uma
Igreja rica em ministérios (Santo Domingo, 66) O ministério eclesial situa-se
em relação e em função do povo, no povo e para o povo de Deus. Povo todo
sacerdotal e ministerial, povo profético e carismático, todo ele enviado para
transformar. O ministério eclesial não é apenas função de serviço no povo e
para o povo, mas também com o protagonismo do povo, a partir de sua
sacerdotalidade e ministerialidade. Todos reis, profetas, sacerdotes (Êxodo
19,6). Raça eleita, sacerdócio régio, nação santa, povo de sua particular
propriedade, a fim de que proclamais as excelências daquele que vos chamou das
trevas para a sua luz maravilhosa (1Pd. 2,9).
Precisamente em vista desta sacerdotalidade e ministerialidade de todo o
Povo de Deus, os bispos em santo Domingo (1992)
diziam em relação aos diáconos permanentes: "Propomo-nos a criar os
espaços necessários para que os diáconos colaborem na animação dos serviços na
Igreja, detectando e promovendo líderes, estimulando à co-responsabilidade de
todos para uma cultura da reconciliação e solidariedade" (n. 27)
Na Igreja antiga, até o século V, o
diaconado tinha uma grande importância. Depois do Bispo e estreitamente
ligado a ele, o diácono era o principal ministro da jerarquia. Paulo VI no
motu proprio "Ad pascendum" relembra que o diácono era chamado
"ouvido, boca, coração e alma do bispo" (Didascalia Apostolorum, II, 44,4). Em nome do Bispo , os diáconos cuidavam dos
contatos humanos necessários para continuar e animar na Igreja o serviço de
Jesus que "lava os pés" aos irmãos. Diz um texto do século III: "Os
diáconos devem andar de um lado para outro, ocupar-se dos próprios irmãos no
que se refere à alma e ao corpo, e manter informado de tudo isso o bispo"
(Homilias clementinas, III, 67). Toda a Igreja local deveria ter seus diáconos
"em número proporcionado aos dos membros da Igreja, para que pudessem
conhecer e ajudar a cada um" (Didascalia Apostolorum, XVI).
No século V começou a decadência do
diaconato até se reduzir apenas a uma simples função litúrgica, acabando, não
sendo nada mais nada menos, do que um degrau rumo ao presbiterado.
Veio o Vaticano II, recuperou o
diaconato, mas não totalmente. Por isso até hoje o diaconato ainda não se
encontrou e não é aceito em várias dioceses. É claro que isto é uma falta de perspectiva.
Por que?
Olhando o objetivo do Vaticano II
que era o do "aggiornamento", da renovação da Igreja, podemos dizer
que o diaconato renasce como fator de renovação. A renovação na linha de uma
comunidade eclesial cada vez mais "sacramento de salvação" (LG, 48;
AG, 1,5; GS, 45) e sinal da presença divina no mundo (AG. 15). O diaconato deve
orientar o caminho renovador dentro de uma Igreja serva e pobre.
Para realizar bem este serviço, o
diácono deve promover o desenvolvimento de comunidades que permitam um
tratamento pessoal e fraterno entre os seus membros (cf Medellín. 15,10).
São comunidades nas quais é possível individualizar as necessidades concretas e
o serviço como partilha. Para as comunidades de grandes proporções, onde muitos
permanecem anônimos, não há espaço para um ministério animador de serviço. É nas comunidades eclesiais de base que o
ministério diaconal deveria encontrar o seu espaço de animação.
Já que o ministério do diácono se
realiza preferentemente no campo do anúncio da Palavra de Deus (a diaconia da
evangelização: todo diácono deve ser um evangelizador e um animador da
evangelização), ou no campo da liturgia (abre-se aqui um grande campo de
serviço: só pensar no batismo - preparação - celebração - acompanhamento; na
palavra desabrochando nos círculos bíblicos...), no campo das obras de
misericórdia ou da caridade (a Cáritas...), o diácono
deve distinguir-se sempre por uma característica de capilaridade e de contato
imediato com as pessoas e os pequenos grupos, de sorte que a percepção das
necessidades concretas vá sempre unida ao estímulo dos serviços
correspondentes.
No âmbito das comunidades humanas o
diácono é chamado a ser sinal de Cristo servo em todos os ambientes nos quais
as criaturas humanas vivem, trabalham, sofrem, gozam e lutam pela justiça.
Deste modo ele leva a termo uma evangelização capilar, anunciando a cada pessoa
concreta que Cristo é quem a ama e se aproxima dela para servi-la. Ao mesmo tempo, ele se afirma como fermento
profético para que uma Igreja serva do mundo (servidora do mundo) tenha uma
eficácia sanante em ordem a libertar a sociedade humana do pecado e de suas
conseqüências de poder e de opressão.”
continua
Nenhum comentário:
Postar um comentário