Autor: Por Prof.
Alessandro Lima.
Apostolado Veritatis
Splendor
Publicado em abril 9, 2008
COMUNIDADE CATÓLICA, APOSTÓLICA ROMANA
http://comunidadecatolica.wordpress.com/2008/04/09/dia-do-senhor-sabado-ou-domingo/
DIA DO SENHOR: SÁBADO OU DOMINGO?
Introdução
Pelo fato
dos primeiros cristãos terem vindo do judaísmo, desde os tempos apostólicos
houve uma certa controvérsia no seio da Igreja Antiga, sobre quais normas dadas
por Deus no AT deveriam ou não ser abolidas. A questão torna-se ainda mais
grave pelo fato de que os cristãos oriundos do paganismo (gentilidade) são
evangelizados sem tomarem conhecimento das observâncias mosaicas. Os primeiros
conflitos tornaram-se inevitáveis, obrigando os apóstolos a se reunirem em
Jerusalém para tratar de tal questão (At 15).
Neste
contexto qual deveria ser o Dia de Adoração a Deus? O Sábado conforme fora
transmitido por Moisés e os Profetas, ou o Domingo, dia da Ressurreição?
A
Instituição do Dia de Adoração
Todos sabem
que no AT, o Senhor instituiu o Sábado como o Seu dia de adoração. Mas resta a
pergunta: por que? Para entendermos o motivo deste mandamento divino, devemos
responder às seguintes perguntas: 1) Por que Deus instituiu um dia para o Seu
culto? 2) Por que o Sábado (Shabath) foi escolhido para ser este dia?
A resposta
para a primeira pergunta encontramos no livro do Deuteronômio, onde lemos: “Lembra-te
de que foste escravo no Egito, de onde a mão forte e o braço poderoso do teu
Senhor te tirou. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou observasses o
dia do sábado” (Dt 5,15).
Como vemos a
observância de um dia de adoração está relacionada à libertação que o Senhor
proporcionou ao povo Hebreu, quando o tirou do cativeiro no Egito. Deus
manifesta-se como o libertador de Seu povo, manifestando todo o Seu Poder e
Glória, como verificamos no envio das pragas (cf. Ex 8;9;10;11) e depois ao
separar o Mar Vermelho (cf. Ex 14,21-31) para que Israel pudesse finalmente se
ver livre do julgo do Faraó.
O Deus
libertador é aquele que guia o Seu Povo à Terra Prometida. Devemos perceber
aqui que a libertação promovida pelo Senhor da escravidão do Egito é prenúncio
da libertação que Cristo posteriormente promoverá da escravidão do pecado, nos
conduzindo à Jerusalém Celestial.
Quanto à
segunda pergunta, a resposta encontramos no livro do Êxodo: “Porque em seis
dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no
sétimo dia; e por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”
(Ex 20,11; cf. Gn 2,3).
Por esta
razão no dia da libertação, o homem também deveria livrar-se do trabalho
secular (cf. Am 8,5; Ex 34,21; 35,3; Ez 22,8; Jr 17,19-27; Dt 5,12-14); no dia em que Deus manifestou o Seu
Amor pelo povo, o povo também manifestaria o seu amor por Ele (Lv 23,3; Lv
24,8; 1Cr 9,32; Nm 28,9-10; Is 1,12s). Isto lembra as palavras de São João: “Nós
amamos, porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4,19).
Depois do
que foi exposto, podemos identificar a dupla raiz da instituição do Dia de
Adoração:
1) O dia da
salvação do povo de Deus conforme Dt 5,15;
2) O dia da
plenitude da criação cf. Ex 20,11; pois o Senhor cessou o seu trabalho (a
criação do mundo) no sétimo dia, por que ele foi terminado no sexto dia. Deus
não se cansa, caso contrário não seria Deus. O “descanso” ou “repouso” de Deus
refere-se à cessão do Seu Divino trabalho. Shabath (Sábado) significa
“cessão”, “término de alguma atividade”. Por isso, o Sétimo Dia também é o dia
da Plenitude da Criação e não do “descanso” de Deus.
Jesus, o Sábado e o Domingo
Com o passar do tempo, os Judeus deturparam a
observância do Sábado. Eles se esqueceram das raízes espirituais desta divina
observância, e se prenderam apenas à letra.
Na época de Jesus, 39 tipos de trabalho eram
proibidos. Entre eles colher espigas (cf. Mt 12,2), carregar fardos (Jo 5,10),
etc. Os doentes só podiam ser atendidos em perigo iminente de morte, motivo
pelo qual se opuseram a Jesus, que curava aos sábados (cf. Mt 12,9-13; Mc
3,1-5; Lc 6,6-10; 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-16; 9,14-16).
O Senhor contra os fariseus afirmou: “O sábado foi
feito para o homem e não o homem para o sábado” (Mc 2,27). Por isso,
declarou que era o Senhor do Sábado (Mc 2,28) e foi incriminado pelos doutores
da Lei (Jo 5,9), ao que respondeu que nada mais fazia senão imitar o Pai que,
mesmo tendo cessado a criação do mundo, continuou a governá-lo e também aos
homens (Jo 5,17).
Alguns cristãos acreditam que neste momento Jesus
estava abolindo a observância do Sábado. Os sabatistas contra-argumentam
dizendo que não; que Jesus estava era resgatando o sentido espiritual (a
verdadeira raiz) desta divina observância. E neste ponto eles estão com toda
razão.
Entretanto, os sabatistas enganam-se em pensar que a
divina observância do Dia de Adoração, estaria para sempre fixada no Sábado.
Eles argumentam que o Sábado é perpétuo. Se isto fosse
verdade, significaria que toda Lei Levítica (circuncisão, páscoa, incenso, sacerdócio,
etc) também seria perpétua. Por exemplo, em Ex.12:14 está declarado que a
páscoa terá de ser observada “por suas gerações” e “para sempre”, exatamente
como é dito sobre o Sábado. A oferta de incenso também é dita como perpétua
(Ex.29:42). Lavagem de mãos e pés também (Ex.30:21).
Quando o Senhor afirma que o Sábado é perpétuo, não
está se referindo à fixação do sétimo dia como dia de Adoração, mas refere-se
ao Seu acordo, à Sua fidelidade para com a humanidade.
É o próprio Deus que através dos Profetas do AT
anuncia que Seu Acordo se dará de uma nova forma: “Eis que os dias vêm, diz
o Senhor, em que farei um pacto novo com a
casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus
pais, no dia em que os tomei pela mão, para os
tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os
haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de
Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e
a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E
não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo:
Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o
maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei
mais dos seus pecados” (Jr.31:31-34) (grifos meus).
O pacto da
Antiga Aliança seria substituído por um Novo, onde o primeiro foi apenas uma
figura do segundo que é Eterno (cf. Hb 9 ). Neste Novo pacto, o Senhor
instituiria um novo dia para Sua Adoração, pois em um novo dia Ele iria salvar
o seu Povo para sempre, conforme profetizou Oséias: ”Farei em favor dela
[Sua nova nação, a Igreja], naquele dia, uma
aliança, com os animais selvagens, com as aves do céu e com os répteis da
terra: farei desaparecer da terra o arco, a espada e a guerra e os farei
repousar em
segurança. Então te desposarei para sempre;
desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com misericórdia e amor.
Desposar-te-ei com fidelidade, e tu conhecerás o Senhor”
(OS 2,20-22) (grifos meus).
O Senhor
Jesus não aboliu a observância do Sábado em seu debate com os fariseus. Ele o
fez após cumprir o anúncio dos Profetas, morrendo na Cruz e ressuscitando no
primeiro dia da semana: Domingo.
Na Antiga
Aliança, o Sábado foi estabelecido como o Dia de Adoração, pois foi o Dia da
Libertação (cf. Deut 5,15) e o Dia da Plenitude da Criação (cf. Ex 20,11).
Na Nova e
Eterna Aliança, o Domingo é estabelecido como o Novo Dia de Adoração, pelas
mesmas razões: é o Dia em que o Senhor nos salvou do cativeiro do pecado e o
Dia em que ressurgindo da Mansão dos Mortos, cessou o trabalho em Sua nova
Criação (a natureza humana incorruptível). Desta forma, o Domingo também é o
Dia da Libertação e da Plenitude da Criação.
A própria
carta aos Hebreus acentua a índole figurativa do sábado, afirmando que o
repouso do sétimo dia era apenas uma imagem do verdadeiro repouso que fluiremos
na presença de Deus (cf. Hb 4,3-11). Onde no Sábado estava a figura (o
prenúncio), no Domingo está a concretização. O Domingo é o Sábado eterno.
O Testemunho de Cristo, dos Apóstolos e do Espírito Santo
Jesus
aparece à primeira vez aos Apóstolos no domingo, no dia da Ressurreição.
Imaginem a alegria que os Apóstolos sentiram ao ver o Senhor Ressuscitado!
Sobre isto escreveu o Salmista: ”A pedra que os edificadores
rejeitaram tornou-se cabeça da esquina. Foi o Senhor que fez isto, e é coisa
maravilhosa aos nossos olhos. Este é o dia que fez o Senhor;
regozijem-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118,22-24). Ora, Jesus se tornou a
Pedra Angular no dia em
que Ressucitou, o dia da Ressurreição ”foi o Dia
que o Senhor fez“.
Conforme o Profeta Jeremias, em Seu novo pacto, o
Senhor promete escrever a Sua Lei no interior e no coração dos homens. E
conforme Ozéias, no dia em que isto acontecer, os homens O conhecerão. Ora,
isto se cumpre exatamente num Domingo, quando o Espírito Santo é dado aos
Apóstolos (cf. Jo 20:19-23; At 2,1-4); pois é o Espírito Santo que nos convence
da vontade de Deus.
A segunda aparição do Senhor aos discípulos não é no
Sábado, mas no novo “dia que o Senhor fez” (cf. Sl 118,24), isto é, no
Domingo (cf. Jo 20:26), dia em
que Tomé o adora como Deus (cf. Jo 20:29). Talvez temos aqui
a primeira adoração cristã a Deus no dia de Domingo.
O Culto Cristão acontece no domingo (cf. At 20:7; 1Cor
16:2). Os Sabatistas alegam que a “Ceia do Senhor” não era uma reunião de
culto. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios mostra claramente que a
reunião da “Ceia do Senhor” era uma reunião de culto. Basta verificar os
capítulos 11 a
16.
No entanto muitos cristãos se viam tentados a
judaizar, isto é, a observar as prescrições da Lei Mosaica. Os Gálatas era um
exemplo e por causa deles São Paulo dirige-lhes uma epístola exatamente para
tratar desta questão. E vejam a bronca que o Apóstolo dá neles: “Ó
insensatos gálatas! Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a
imagem de Jesus Cristo crucificado? Apenas isto quero saber de vós: recebestes
o Espírito pelas práticas da lei ou pela aceitação da fé? Sois assim tão levianos?
Depois de terdes começado pelo Espírito, quereis agora acabar pela carne?”
(Gl 3,1-3).
Quem ainda duvidar de que São Paulo também estava se
referindo à observância do Sábado, então veja o que ele escreveu aos
Colossenses: “Que ninguém vos critique por questões de comida ou bebida,
pelas festas, luas novas ou sábados. Tudo isso
nada mais é que uma sombra do que haveria de vir, pois a realidade é Cristo”
(Cl 2,16-17) (grifos meus).
São Paulo confirma que o Antigo acordo (que incluía a
observância do Sábado) foi substituído pelo Novo acordo cumprido pela Morte e
Ressurreição do Senhor Jesus (que inclui agora o Domingo como o Dia do Senhor).
Mais uma confirmação Bíblica de que o Domingo é o Dia
do Senhor, está no Livro do Apocalipse. Em Ap 1,10 São João escreve: “Num
domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de
trombeta”. A expressão que no português está como “num domingo” no
original grego está “té kyriaké hémerà“, que significa “No Dia do
Senhor”. Ora, aqui São João está dizendo que no Domingo, que é Dia do
Senhor, Deus lhe deu uma revelação. Se o Domingo não é o Dia do Senhor, por que
São João assim o indicou no Livro do Apocalipse?
Testemunhos dos primeiros cristãos
A Igreja do período pós-Apostólico, também confirmou a
doutrina do Novo Dia de Adoração que recebeu dos Apóstolos. Vejamos alguns
exemplos:
“Reúnam-se no dia do Senhor
[= dominica dies = domingo] para partir o pão e agradecer, depois de ter
confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro” (Didaqué
14,1 – primeiro catecismo cristão, escrito no séc. I, mais precisamente no ano
96 dC) (grifos meus).
Santo Inácio, Bispo de Antioquia, que segundo a
Tradição foi a criança que Cristo pegou no colo em Mc 3,36, também confirma a
Doutrina Apostólica do Domingo: “9. Aqueles que viviam na antiga ordem de
coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado,
mas o dia do Senhor,
em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam
isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos
para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre. Como podemos viver sem
aquele que até os profetas, seus discípulos no espírito, esperavam como Mestre?
Foi precisamente aquele que justamente esperavam, que ao chegar, os ressuscitou
dos mortos. 10. Portanto, não sejamos insensíveis à sua bondade. Se ele nos
imitasse na maneira como agimos, já não existiríamos. Contudo, tornando-nos
seus discípulos, abraçamos a vida segundo o cristianismo. Quem é chamado com o
nome diferente desse, não é de Deus. Jogai fora o mau fermento, velho e ácido,
e transformai-vos no fermento novo, que é Jesus Cristo. Deixai-vos salgar por
ele, a fim de que nenhum de vós se corrompa, pois é pelo odor que sereis
julgados. É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo
judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e
sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em
Deus ” (Carta de Santo Inácio de Antioquia aos Magnésios.
101 d.C.) (grifos meus).
Como se vê o discípulo pessoal de São Paulo confirma a
doutrina que recebeu do Mestre, conforme este mesmo expôs aos Gálatas (Gl 1;3)
e aos Colossenses (Cl 2,16-17).
Outro testemunho do séc II sobre o Domingo é de
Justino de Roma, vejamos:
“67. Depois dessa primeira iniciação, recordamos
constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa
socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. Por tudo o que
comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho
Jesus Cristo e do Espírito Santo. No dia que se chama do sol,
celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se
lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos
profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite
para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e
elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão,
vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus
suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ‘Amém’. Vem
depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados
pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. Os que possuem
alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe
parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a
órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos
que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna
o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos
essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro
dia em que
Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também
o dia em que Jesus
Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito,
sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao
de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a
seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos
expondo para vosso exame” (Justino de Roma 155 d.C, I Apologia
cap 67) (grifos meus).
No tempo de Justino os cristãos eram ferozmente
perseguidos e acusados das mais variadas calúnias. Justino que era responsável
por uma escola de estudos bíblicos, escreve uma apologia (defesa) ao Imperador
em favor dos cristãos. Por isso, ele ao se referir ao domingo utiliza a
expressão “dia do sol”, pois era no primeiro dia da semana que os pagãos
adoravam o sol.
Podemos verificar aqui mais uma vez que a “Ceia do
Senhor” não era uma mera reunião de confraternização, mas uma celebração de
culto a Deus.
Ainda do
segundo século temos o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que escreveu
muitas obras para as autoridades romanas em defesa dos cristãos perseguidos:
“Outros, de novo, certamente com mais informação e
maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os
persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho,
tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de
nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas,
vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis
vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o
dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito
diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que
dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também
estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais”
(Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16) (grifos meus).
Tertuliano como escreve para os pagãos, também se
refere ao primeiro dia da semana como “o dia do sol”. Ele é testemunha que
nestes dia os cristãos não adoravam o sol, mas a Cristo.
Do terceiro século temos o testemunho de Hipólito de
Roma, que também confirma a Tradição Apostólica de celebrar o culto cristão no
Domingo: “No domingo pela manhã, o bispo
distribuirá a comunhão, se puder, a todo o povo com as próprias mãos, cabendo
aos diáconos o partir do pão; os presbíteros também poderão parti-lo. Quando o
diácono apresentar a eucaristia ao presbítero, estenderá o vaso e o próprio
presbítero o tomará e distribuirá ao povo pessoalmente. Nos outros dias, os
fiéis receberão a eucaristia de acordo com as ordens do bispo” (Hipólito
de Roma 220 d.C Tradição Apostólica part III) (grifos meus).
Conclusão
A fundadora do Adventismo do
Sétimo Dia, a senhora Ellen G. White, afirmava em seus escritos que a instituição
do Domingo como dia do Senhor, era invenção do Papado, e quem observasse este
dia com Dia do Senhor receberia a marca da Besta. Por esta razão alguns
Adventistas (acreditando mais na senhora White do que na Bíblia, nos Apóstolos,
no Espírito Santo e nos cristãos dos primeiros séculos) têm procurado
fundamentar esta afirmação pesquisando onde o Papado teria feito tal
instituição. O melhor que fizeram até agora foi afirmar que o Papado
substituiu o Dia do Senhor de Sábado para Domingo durante o Concílio de
Laodicéia na Frigia, realizado em 360.
O Concílio de Laodicéia
apenas confirmou a doutrina apostólica da observância do Domingo contra os
cristãos judaizantes. Este Concílio não foi Geral, mas Local, e por esta razão,
não envolveu o Bispo de Roma e nem tinha o poder de alcançar a Igreja inteira
espalhada pelo mundo.
Devemos lembrar que os
decretos contra os cristãos judaizantes foram instituídos pelos Apóstolos
durante o Concílio de Jerusalém (cf. At 15). Conforme já expomos, estes
decretos não favoreciam a observância do Sábado como Dia do Senhor.
Os Bispos de Jerusalém
sempre foram fiéis a estes decretos, conforme podemos observar no testemunho de
São Cirilo, Bispo de Jerusalém: “Não ceda de forma alguma ao partido dos
Samaritanos, ou aos Judaizantes: por Jesus Cristo de agora em diante foste
resgatado. Mantenha-se afastado de toda observância de Sábados,
sobre o que comer ou como se purificar. Mas abonime especialmente todas as
assembléias dos perversos heréticos” (São Cirilo de Jerusalém. Carta
4, 37) (grifos meus).
Então, devemos ficar com o testemunho de Ellen G.
White ou com o testemunho de Jeremias, Oséias, Jesus, Espírito Santo, dos
Apóstolos e dos primeiros cristãos?
LIMA, Alessandro.
Apostolado Veritatis Splendor: DIA DO SENHOR: SÁBADO OU DOMINGO?.
Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/3948.
Desde 28/8/2006.
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