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sábado, 19 de dezembro de 2015

MEUS OITO ANOS - CASIMIRO DE ABREU



MEUS OITO ANOS

Abreu, Casimiro de (1837-1860), poeta romântico brasileiro

Oh ! que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida  / Que os anos não trazem mais ! / Que amor, que sonhos, que flores, / Naquelas tardes fagueiras / À sombra das bananeiras, / Debaixo dos laranjais !

Como são belos os dias / Do despontar da existência ! / – Respira a alma inocência Como perfumes a flor; / O mar é – lago sereno, / O céu – um manto azulado, O mundo – um sonho dourado, / A vida – um hino d’amor !

Que auroras, que sol, que vida, / Que noites de melodia / aquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar ! / O céu bordado d’estrelas, / A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia / E a lua beijando o mar !

Oh ! dias de minha infância ! / Oh ! meu céu de primavera! / Que doce a vida não era nessa risonha manhã ! / Em vez de mágoas de agora, / Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias / E beijos de minha irmã !

Livre filho das montanhas, / Eu ia bem satisfeito, / De camisa aberta ao peito, – Pés descalços, braços nus – / Correndo pelas campinas / À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras / Das borboletas azuis !

Naqueles tempos ditosos / Ia colher as pitangas, / Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; / Rezava às Ave-Marias, / Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo, / E despertava a cantar !

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