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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

QUEM ADORA, NÃO NEGA - IMAGEM DE DEUS, IMAGEM DE SANTOS





QUEM ADORA, NÃO NEGA - IMAGEM DE DEUS. IMAGEM DE SANTOS

Diac. Narelvi

             O sucesso da presença do Papa Francisco no Brasil trouxe aos inconformados um dos instrumentos de ataque contra a Igreja Católica: As imagens.

            Tenho comigo que o assunto é tão pobre de cultura e formação religiosa, pois é inadmissível que em pleno século XXI alguém possa continuar vomitando a ideia de que os CRISTÃOS CATÓLICOS adoram imagens.  

            É uma teima que de certa forma se compreende, pois no momento em que esses acusadores reconhecerem que não adoramos imagens (e eles sabem disso), praticamente todos deverão retornar à Igreja Católica já que outros argumentos e teses contrárias também são inconsistentes. Então, o negócio é continuar o enfadonho papo da idolatria.  

            Algumas considerações para ilustrar sobre imagens.


A BÍBLIA, DESDE QUANDO?

             É preciso lembrar que a palavra escrita na Bíblia evidentemente surgiu depois da invenção da imprensa atribuída a Johannes Gutenberg que teria sido o primeiro a imprimir 180 exemplares da Bíblia entre os anos de 1425 e 1456. Existem informações de outras quantidades de exemplares com 42 linhas em duas colunas, etc. etc.

            A intenção aqui é demonstrar que os primeiros cristãos não tinham acesso à Bíblia tal como hoje, visto que Gutenberg imprimiu seus pouquíssimos exemplares entre 1425 e 1456 e a primeira bíblia em português data de 1748. Sendo assim, perfeitamente compreensível, então, porque os primeiros cristãos não possuíam bíblia.

            Note-se que o Novo Testamento foi completado por volta do ano 100 d.C com o Apóstolo João Evangelista que escreveu o Apocalipse, escritos em papiro e pergaminho.

Bem, não precisa aprofundar para entender que os primeiros cristãos não tinham como fazer leitura bíblica, mesmo porque, tenha-se em conta o analfabetismo e espaçamento das comunidades e outras dificuldades próprias daquelas épocas.  

Quanto tempo do Antigo Testamento então, nem se fala!

            Aqui no Brasil, se considerarmos o ano de 1748 como do surgimento da primeira bíblia em português, reforça mais ainda o porquê da impossibilidade da sua distribuição, dos pouquíssimos volumes existentes e escassos leitores.

            Afinal, este resumido comentário histórico será muito mais ilustrado em pesquisas e por historiadores mais especializados no assunto, mas já é suficiente para apagar a impressão que querem fazer passar de que os livros sempre existiram e estiveram a disposição de todos e que os “católicos rejeitavam a Bíblia”.

            Algumas datas importantes:

O movimento da Reforma Protestante aconteceu no século XVI, ano de 1517. O Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 e a primeira missa celebrada já no dia 26. Portanto, quando o Brasil foi descoberto nem mesmo protestantes (denominados mais tarde aqui de evangélicos),  existiam.

            Agora eu pergunto: quantas bíblias, principalmente o NT circulavam por este mundo, e aqui no Brasil no ano do seu descobrimento? Pelas informações e deduções é bem fácil imaginar. Pode-se dizer que praticamente ninguém lia a bíblia, a não ser  clero e alguns católicos.

            Pois bem. Então como se desenvolveu a evangelização, senão mais oralmente e tradicionalmente?


IMAGENS.

             Bem, estamos quase chegando às imagens, e vamos nos fixar no Brasil.

            Sabemos que a catequese (evangelização) iniciou com os padres jesuítas no ano de 1549.

            Certamente que dentro dos princípios doutrinários e culturais da Igreja, para que os indígenas e quem mais fossem compreendessem o ensinamento religioso, tinham que aprender a ler e escrever. E os jesuítas foram os responsáveis por essa alfabetização tão difícil de alcançar a todos, tanto que até hoje encontramos analfabetos.

            Como a meta evangelizadora era prioritária, a educação religiosa se firmava por outros meios além da escassa escrita, principalmente oralmente e com criatividades e recursos didáticos que incluíam estampas, figuras, desenhos, e IMAGENS sempre retratando coisas e personagens sagradas que por séculos se tornou costume seus usos SEM JAMAIS CONSIDERARA-LOS OJETOS DE ADORAÇÃO.

Muitos de nós nos lembramos do tempo em que os padres sempre andavam com seus bolsos cheios de “santinhos” que distribuíam para a garotada, guardados que eram com muita satisfação e respeito.

Por muitos séculos então, as imagens de santos, de Nossa Senhora, do crucifixo, do presépio, de anjinhos, bandeira do Divino, serviam não apenas de adornos nas casas, mas enriqueciam as Igrejas Matriz, as Capelas, os oratórios particulares, e eram úteis como material didático para gravar na memória boa parte da História Sagrada por aqueles aproximadamente 1.500 anos sem exemplares bíblicos.

E como as imagens e estampas contribuíram para o crescimento do cristianismo! Era olhando para as imagens de Nossa Senhora, de Jesus, de Santo Antonio, São João, Santa Rita, e tantos outros desenhos de papas, padres e bispos (o padrinho padre Cícero, por exemplo), de crucifixos,  que as pessoas ricas e pobres, cultas e simples, escravos e analfabetos, mantinham através desses retratos artísticos  seus contatos com o sagrado e faziam concentradamente as suas devoções com todas as rezas conhecidas, com seus corações e olhares voltados a Nosso Senhor Jesus Cristo e toda sua comunidade celeste.  E como as imagens contribuíram para a espiritualidade daqueles nossos irmãos de outrora, de uma época em que bispos e padres tinham que dar conta do rebanho de Cristo que se formava e crescia quando igreja protestante nem existia.

Meu desafio: ALGUÉM SERA CAPAZ DE AFIRMAR QUE ESSES CRISTÃOS CATÓLICOS FORAM PARA O INFERNO POR CAUSA DAS IMAGENS? E se algum protestante de hoje tiver a coragem de dizer que sim, então que pena, porque teriam que conviver com a ideia de que seus ascendentes estariam todos no inferno porque também foram católicos e veneravam imagens.    

            Até a reza do terço tão combatida pelos protestantes, mas que até hoje resiste como ato devocional (como as imagens) que surgiu no século IX  para facilitar aqueles queriam acompanhar os salmos mas não tinham acesso ao estudo e poucos sabiam ler e decorar todos os 150 poemas, o que levou os monges substituírem a recitação pelas 150 saudações angélicas (Ave-Maria) em dezenas, intercalando entre cada dezena um Pai-Nosso. O Rosário, 150 Ave Maria, o terço (1/3), 50 Ave Maria.

            Bem, meus irmãos, as imagens são instrumentos de devoção e catequéticas e jamais a Igreja as endeusou. Se naquela época dos primeiros séculos do cristianismo católicos já beijavam uma imagem ou até faziam genuflexão diante delas, e muitos ainda hoje repetem o gesto,  nunca significou adoração  à imagem ou a outros deuses, mas adoração ao Deus uno e trino, e veneração, amor, carinho, aos santos conhecidos, pessoas que viveram intensamente a fidelidade ao Evangelho, a Cristo, a Igreja,  e sua vocação, modelos que devem ser imitados por todos os cristãos no seguimento de Jesus.  Pessoas que estão no Céu como nossos amigos e intercessores. 
              Portanto, as IMAGENS nas Igrejas não representam algo imaginário, mas alguém que realmente existiu e são devotamente lembrados como santos moradores do Céu.


BIBLIA, IMAGEM.

             A Bíblia é um conjunto de textos escritos contendo informações sobre Deus Pai, Jesus, Maria, profetas, santos, enfim, as doutrinas que orientam o comportamento dos cristãos. Portanto, a BÍBLIA NÃO É DEUS embora a consideremos inspirada por Deus conforme interpretação dada antes pela Igreja Católica. Por isso pode-se dizer que a BIBLIA também é uma IMAGEM, IMAGEM DO SAGRADO. Muito mais perfeita do que as imagens de santos, mas ainda assim, imagem que no seu contexto refletem a IMAGEM DE DEUS.

            A propósito, quando você segura nas mãos ou olha para uma Bíblia estará segurando ou enxergando Deus, ou através da imagem de tudo o que a Bíblia representa estará sentindo a presença de Deus, aprendendo sobre Ele e até chegando a Deus?

            E justamente por lembrar Deus a Bíblia é amada, venerada, respeitada. Nenhum crente em sã consciência é capaz de destruir uma bíblia. Por adoração? Evidentemente que não, senão seria idolatria.

            Mutatis mutandis[1], assim são também as imagens dos santos.

Ninguém adora a Bíblia, assim como ninguém  adora imagens de santos.

Quando tomamos uma imagem em nossos braços, a carregamos em andor, a expomos em Igrejas ou em outros locais, estamos nos unindo espiritualmente aos Santos de Deus que estão no Céu, imitando seus valores cristãos, homenageando-os pelas suas virtudes, assim como abraçamos e beijamos fotos de nossos amigos e entes queridos

Irmãos e irmãs. Usem de um raciocínio lógico e inteligente: Quem adora, não nega. Logo, se todos os católicos afirmam categoricamente que não adoram imagem, e todos os protestantes afirmam que não adoram a Bíblia, já é suficiente para terminar com essa besteira de adoração de imagens. Manter imagem, fotos, estampas, esculturas e outras representações como um  dos caminhos para levar a Deus, NÃO É IDOLATRIA.

1. Diz-se de dois fatos que, com pequena alteração das circunstâncias, são iguais. Mude-se o que deve ser mudado

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