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domingo, 11 de dezembro de 2011

RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE TAMBÉM É CULTURA E EDUCAÇÃO

 Há algum tempo venho pensado em escrever algo sobre o comportamento de pessoas de segmentos religiosos cristãos diferentes. Hoje recebi um e-mail         que traz uma matéria atribuída ao pastor Ed René Kivitz, de uma Igreja Batista (de excelente  conteúdo), intitulada “No Brasil, futebol é religião”, que me estimulou a esta matéria. 
De plano expresso o meu sentimento de vergonha pela divisão entre os cristãos. Também que o que poderá levar para o céu ou para o inferno – consumado o erro das divisões – não será a denominação religiosa  mas a conduta de cada seguidor em relação não somente ao cumprimento ou descumprimento dos mandamentos da Lei de Deus e outros preceitos doutrinários, mas ainda de outros fatores.  A maneira  de tratar os irmãos e religiões diferentes da sua de forma preconceituosa e caluniosa divulgando inverdades,  pode se traduzir em pecado e, consequentemente, até levar ao inferno (“Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” – Mt 7,21).
Abro aqui um parêntesis para reconhecer que no Brasil, de um modo geral, fora e dentro dos templos, existe um relacionamento de amizade, respeito e consideração mútuos muito grande.
Entretanto, entre praticantes de diversas religiões, ainda existe um bom numero de pessoas  que viveram longos e longos anos com Jesus e de repente mudam dizendo-se convertidos e que passaram a conhecer Jesus noutra casa, e, fugindo à regra passam a detestar a sua moradia anterior até como se fosse endemoninhada. Isto também pode ser pecado!
         No tema do pastor, cita um episódio em que um time de futebol de São Paulo foi presentear crianças portadoras de paralisia cerebral em abril deste ano   com ovos de Páscoa. Chegando ao destino os atletas desceram e foram fazer a visita. Contudo, alguns jogadores bem famosos não quiseram sair do ônibus e o motivo teria sido religioso porque a instituição era o  Lar Espírita Mensageiros da Luz, cujo lema é a Assistência à Paralisia  Cerebral.
         Tenho testemunhado que muitos religiosos agem assim, desrespeitosamente. Só para ilustrar, tive um parente cuja família era toda católica, e de repente sua esposa e filhos passaram para a religião Testemunhas de Jeová mas ele não aceitou e permaneceu fiel à sua crença católica. Quando morreu, levado para as exéquias na Igreja Católica, sua esposa e filhos simplesmente não entraram na Igreja permanecendo lá fora, esperando.  Isto tem acontecido sistematicamente com alguns membros de outras denominações cristãs que se recusam a entrar em momentos excepcionais,  principalmente na Igreja Católica e em templos e locais não cristãos como se isso fosse um horrendo pecado, fruto de uma orientação imatura e desvirtuada de alguns pregadores que promovem o sectarismo e intolerância.  
         Muito bem disse o pastor: “quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião”.
         Aproveitando ainda da lição do pastor e até plagiando um pouco  o caso do ônibus dos jogadores, concluo dizendo que, em momentos e circunstâncias especiais, quem vive uma religiosidade fundamentalista e fanática, desprovida de espiritualidade, de cultura, de respeito e de educação, fica no ônibus, mas quem respeita, é bem formado, educado e convicto, nem é religioso preconceituoso ou intolerante, desce do ônibus, se apresenta e participa não importa qual seja a religião. Isto também se chama ecumenismo.
Diác. Narelvi

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