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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

LUIZ CARLOS NUNES



Amigo Luiz Carlos Nunes
+ 16.09.2014
A vantagem das cidades pequenas, e de boa vizinhança, é você deixar o tempo passar e acompanhar a vida das pessoas que estão ao seu lado. E o privilegio é maior ainda quando somos contemplados com a sorte de nascermos quase que ao mesmo tempo e crescendo juntos, alguns com maiores facilidades outros já com certas dificuldades ...  Mas de um jeito ou de outro formamos ramos das mesmas árvores.

Quantos amigos acabaram se dispersando, tomando rumos diferentes na vida. Mas quantos de nós nos mantivemos aqui nos encontrando pelas ruas e calçadas, nos trabalhos, nos clubes, nas escolas, na Igreja, nos campos esportivos, nos desfiles cívicos, nos encontros políticos, cada qual se comportando segundo sua formação cultural, profissional, sua constituição física e desenvolvimento mental,  seu intelecto, suas manias, seus sonhos e ilusões. Afinal, acabamos sendo parecidos na diversidade.

Quantas e quantas pessoas durante todos esses anos conhecemos e chamaram a atenção pelo seu jeito de ser. Um deles perdemos ontem, o Luiz que carinhosamente recebeu um apelido inadequado na infância: “Luiz Bobo”, porque bobo nunca foi, ao contrário, mesmo sem nunca ter conseguido aprender ler nem escrever,  era esperto, prestativo, viajante, gostava de estar em atividades, desde adolescente  seu prazer era cantarolar musicas do Teixeirinha fazendo gestos de quem estava a tocar acordeom. Abria e puxava desfiles escolares com disciplina e marcha firme, incorporava-se à banda Euterpina com seu bumbo. Quando resolvia, cuidava do trânsito com seu uniforme e apito incorporando com seriedade a função.  Gostava de se vestir bem e orgulhosamente exibia suas roupas que ganhava. Viajava com famosos políticos, esteve em boa parte do Brasil, Brasília e outras capitais, e quando se via frustrado por falta de convite para determinadas viagens,  não se entregava e por conta própria chegava ao destino antes dos outros – e de avião. E como se sentia realizado fazendo o que mais gostava, agindo como segurança dos prefeitos.  Quantas nomeações e promoções para professores conseguiu agilizar com seus conhecimentos e amizades politicas com governantes do Estado. Era capaz de localizar e visitar amigos comuns  ou parentes nossos onde estivessem.  

Meu Deus, quantas coisas fez Luiz desde criança assustando seus pais com improvisadas viagens sem aviso, como carona.  Foi crescendo com suas aventuras sempre amigo e prestativo, nunca desrespeitou ninguém, era querido por todos, educado e respeitador, e eficiente nas tarefas a que se propunha fazer.

E como gostava de discursar! Em  qualquer lugar, em qualquer evento, era só deixar uma brecha e lá estava ele de prontidão.  Discursou até para Nossa Senhora em novenas sem jamais esquecer de pedir a ela suas bênçãos e que cobrissem a todos com seu manto sagrado.

O tempo foi passando, sua enfermidade chegou e foi reduzindo suas atividades e envelhecendo fisicamente, mas que com humildade e fé soube superar. Não reclamava pelos anos de cadeira e de cama. Das poucas vezes que o visitei sempre se lembrava de perguntar das pessoas da minha família, “tias” conforme costumava chamar, assim como também de outras pessoas por ele memorizadas. Quietinho em seu quarto ou sala,  ouvia no radinho musicas evangélicas como que deixando-se purificar mais ainda sua alma já santa.

E assim foi passando o tempo até que ontem, Luiz Carlos Nunes nos deixou. Mas tenham certeza, não nos abandonou porque lá do Céu sua alma vive e ele continua melhor do que quando aqui estava, a olhar para cada um dos seus amigos e familiares, e com toda a certeza, encontrando-se com os que o antecederam e também com  aquela Mulher a quem tanta devoção tinha abrigando-se no seu manto sagrado que ele sempre citava quando “roubava” uma oportunidade para sua “homilia” à Nossa Senhora, e com certeza, sendo segurado nas mãos por Jesus.

Luiz Carlos, de físico franzino e pouco desajeitado, mas de um coração e alma tão grandes que o embelezava por dentro e por fora, encantando a todos.

E com seu jeito de ser, mesmo no silêncio dos seus últimos dias, Deus o ouvia e o entendia.

A vida do Luiz dá uma história e exemplo de vida muito maior. Mas é o que me basta para resumir o que  posso oferecer-lhe como homenagem em sua lembrança aos que  ainda estão aqui, e a ele como carinho e  forma de  troca de orações entre nós. Um abração Luiz.

                                                                                                            Dc Narelvi

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