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domingo, 15 de setembro de 2013

ABORTO - NA MORAL - COMENTÁRIO CRITICO



PERGUNTA:
Diácono Narelvi. Esses dias no programa da Globo, "Na moral" houve um debate sobre o ABORTO. Gostaria ter do sr. um comentário crítico sobre o debate. Grato, Alfredo.

        Amigo, assisti ao programa e fiz algumas anotações do vídeo para esse trabalho.
O programa “Na moral” do dia 29 de agosto na Rede Globo p.p. apresentado por Pedro Bial abordou o tema ABORTO e quando se esperava um debate senti mais uma forma de apoio à sua pratica.

Um cenário tendo por convidados especiais Dom Antonio Augusto, bispo auxiliar da arquidiocese do Rio e médico pediatra, Regina Soares da organização “Católicas pelo Direito de Decidir” e o médico Dráuzio Varella. Presentes as atrizes Claudia Abreu e Emanuelle Araújo, e algumas mulheres anônimas que prestaram depoimentos.

Como debate, achei limitado o tempo e que o programa ficou sob o domínio do apresentador e do medico Dr. Dráuzio com suas ideias já preconcebidas expondo suas opiniões claramente favoráveis ao aborto.
        As atrizes, nas oportunidades de intervenção que tiveram, conflitando com o enorme amor que confessaram ter por seus filhos nascidos e instinto materno, deixaram transparecer a tolerância ao aborto. O Aborto deveria ser um assunto sepultado literalmente falando porque trata da morte de nascituros por violência que a ética, a moral, a lei de Deus e a  (boa) consciência não aceitam.

Soluções práticas
Mas já estamos quase nos acostumando com ideias de soluções práticas para situações aparentemente incontroláveis pela incompetência. Se as autoridades não podem impedir o jogo do bicho ou o tráfico ou consumo de drogas, por exemplo,  então defendem que sejam liberados e oficializados. Para acabar com abortos provocados e aborteiros particulares e clínicas clandestinas, a legalização seria então a solução.
Essas alternativas resolveriam o problema da clandestinidade sim, mas não os abortos assim como no exemplo não acabariam com os traficantes nem desestimulariam o vício das drogas cuja solução está na formação familiar e religiosa, e essencialmente nos diversos segmentos da administração pública. 
Existe um ditado que diz: “Se você não pode combater o inimigo, junte-se a ele”. Outro também interessante: "Já que está no inferno, não custa nada dar um abraço no diabo”.
        Não sou adepto de nenhum destes ditados, mas expressa bem o que estão querendo fazer com o aborto.
        Muitas são as definições dicionárias, mas uma das que bem expressam é: “Aborto ou interrupção da gravidez é a remoção ou expulsão prematura de um embrião ou feto do útero, resultando na sua morte”.

O aborto espontâneo
        De inicio, vamos ressalvar e excluir deste comentário o aborto espontâneo, natural, que não é pecado, nem crime, nem desonra embora para a mulher que perde seu filho por esse motivo cause-lhe profunda dor emocional.

Aborto provocado
O aborto provocado, um dos piores crimes que se pode cometer pela inocência e fragilidade da vítima, mas que infelizmente vem sendo defendido sem nenhum constrangimento nos meios de comunicação de massa, notadamente pela televisão e em novelas sob a liderança de pessoas que se consideram semideus da modernidade, a pretexto de dar solução a situações diversas que acontecem em nossa sociedade com gravidez ditas como “indesejáveis”. 

Direito de decidir?  
         Até ONG se formou usurpando a identidade dos fiéis da Igreja Católica ao se denominar de “Católicas pelo Direito de Decidir”, visto que católicas como religião certamente que não são nem estão autorizadas a representá-las, mostrando-se que caminham na contramão de direção do cristianismo levantando a bandeira do direito da mulher decidir sobre o nascimento ou não do filho gerado.
        Antes de tudo, a mulher (nem o homem) não tem direito de decidir sobre o destino de seu filho que está para nascer. Ela é dona do seu corpo, mas não do corpinho da criança. A mulher, indispensável para a geração humana, por natureza da criação cede maternalmente um espaço dentro de si (útero) para que o filho gerado possa se desenvolver. Quando chega o momento do nascimento, nem ela, nem ninguém o segurará lá dentro e a criança é expelida para o nascimento porque não faz parte do corpo da mãe.
        A propósito, lembro aqui da mulher “barriga de aluguel”. Se ela aluga “sua barriga” para gerar filho alheio, é porque a criança não faz parte do seu corpo. Isto é por demais lógico. Aliás, e a propósito, se a teoria das feministas liberais de que são donas do corpo fosse verdadeira, as “locadoras” poderiam abortar as crianças “inquilinas”, expressão que uso constrangido.  

Católicos obedientes?
         A representante feminista, aproveitando da citação de Bial “sobre pesquisa” (???) de que mulheres religiosas “praticam aborto tanto quanto as não religiosas” (ideia insegura), no embalo quis desacreditar a voz da Igreja a que ela chamou de discurso  ao dizer que “Fiéis católicos, mulheres e jovens” não seguem as suas orientações, cuja generalização não é apropriada nem verdadeira uma vez que a Igreja sabe que nesse universo de praticantes e não praticantes nem tudo é assimilado, principalmente pelos descomprometidos com a fé cristã católica conforme parecem ser os membros da ONG. E sobre a informação de resultado do IBOPE sobre “pílula do dia seguinte” (abortiva)  entre “jovens católicos” não pode ser lançada ao ar assim, sem uma verificação dos critérios e alcance “da pesquisa”, e hipocritamente disse que “ninguém é a favor do aborto”, “que a legalização não significa banalização do aborto”. E para ela e Dr. Dráuzio, os pobres são os bodes expiatórios para a almejada legalização.

Mulheres anônimas
        As mulheres anônimas ouvidas, a exceção ao que me lembro de uma que se manifestou contrária ao aborto, todas, numa curiosa coincidência, declararam que ficaram grávidas “sem querer” percebendo-se claramente que foram elas que de uma forma ou de outra assumiram a responsabilidade pela gravidez não se podendo transferir às crianças nascidas ou abortadas, culpa pelos deslizes sexuais dos pais. Apesar das dificuldades, esses filhos foram assumidos e amados.

O debate foi amplo?
        Dom Antonio, personalidade ilustre como bispo e médico por formação acadêmica, também teve prejudicada sua participação no “debate” pela falta de tempo e de maior oportunidade.
Aliás, ele e a sra. Regina foram chamados ao recinto somente lá pela metade da apresentação para poucas intervenções e sucintas intervenções. Quase não puderam falar e quando num momento  Dom Antonio rebateu firmemente ao Dr. Dráuzio, Bial foi logo mudando de assunto.
        Para um tema de tão grande importância onde o apresentador deveria manter-se neutro e limitar-se à coordenação, junto com Dr. Dráuzio (ambos da Globo), tomaram conta do espaço manifestando suas convicções, restringindo a participação dos convidados principais.

Estupro, aborto, proteção à vida?
Ao ser questionado, Dom Antonio ao defender a vida em qualquer circunstância, sufocou o apresentador quando questionado sobre o “negar à mulher o aborto por estupro” com a resposta do bispo de que foi na faculdade de medicina que aprendeu a respeitar vida, fundamento de todos os direitos que, se retirados, os demais direitos se perderiam. Insistindo Bial na autonomia da mulher vítima de estupro com geração de embrião (deveria ter dito gravidez) para abortar, quis colocar em cheque o bispo perguntando-lhe: “que vida o Sr. está querendo proteger?” e o religioso com inteligência e inspiração de imediato respondeu: “as duas porque nenhuma vida é mais valiosa do que a outra”.
Alias, quero demonstrar minha estranheza pela lógica irracional do medico - que reconhecidamente presta serviços relevantes aos telespectadores em suas orientações médicas em programas da Globo – quando exemplificou afirmativamente: “Se você obriga uma mulher que foi estuprada a ter aquele filho você esta dando ao estuprador o direito de fazer uma mulher conceber um filho dele Qualquer homem pode escolher uma mulher estuprá-la e ter um filho com ela. Isto pra mim é absolutamente chocante”, disse.
Eu respondo:  a) A Igreja não obriga nada a ninguém, mas aconselha dentro de seus princípios doutrinários cristãos; b) o estuprador é um criminoso e responde pelo ato praticado com pena de prisão; c) é estupidez imaginar que conselhos morais e religiosos possam se traduzir em permissão para “qualquer homem escolher uma mulher, estuprá-la e ter com ela um filho”.

Quae sunt Caesaris, Caesari.
        Bial enveredou para a camisinha pedindo a opinião do medico Dráuzio sobre a posição da Igreja Católica, entidade que lhe é avessa inclusive por sua formação ateia perdendo-se nos argumentos ao acusá-la de conduta criminosa por  “pressionar e proibir a distribuição”, facilmente desmontado com a resposta clara e evidente do bispo de que a Igreja faz suas recomendações conforme lhe compete, porém, sem jamais proibir e até o ironizou dizendo “eu não vi nenhum piquete, formação de força armada de bispos padres e religiosos diante de um ministério da saúde, nem impedir que as camisinhas fossem distribuídas”, lembrando o bispo sobre as milhares de camisinhas que são distribuídas livremente.      
           Até apelou para um hipotético conflito entre um padre e o prefeito de uma imaginária “pequena cidade do interior” com respeito à camisinha, o bispo respondeu à altura: “Essas autoridades, mesmo que o padre dissesse que não podem distribuir a camisinha,  tem autoridade para exercer o seu papel de prefeito”. Vale aqui o que disse Jesus: “Pois dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus». Mt 22,21.

O limite do livre arbítrio
        Corre por aí um entendimento de que a mulher teria o direito de decidir sobre levar adiante ou não sua gestação. E sobre isso lançou uma pergunta ao bispo que em resposta deixou bem claro não ser favorável ao aborto, mas ressalvou a autonomia das mulheres, a liberdade humana, referindo-se naturalmente ao livre arbítrio enfatizando que ninguém pode impor nada a ninguém, ao mesmo tempo em que ainda em resposta a pegadinha do Bial sobre “cerceamento de liberdade da mulher e aborto ilegal”  disse que a questão do aborto ilegal é de responsabilidade do Estado com relação às clinicas ilegais.

Quando se dá o inicio da vida
        Ponto importantíssimo para o tema foi sobre quando se dá o inicio da vida que Dom Antonio respondeu como sendo no genoma e no zigoto[1]. Quis dizer o bispo que a vida inicia exatamente quando o espermatozóide penetra no óvulo.
        O Dr. Dráuzio, respondendo sobre a mesma pergunta, para mim cometeu um deslize imperdoável. Mesmo admitindo que a vida inicia quando o espermatozóide se liga ao óvulo formando o genoma humano e que o óvulo produzido pela mulher é vida, perdeu-se quando afirmou que  “não se tratava de vida humana”, pois que para ele a vida começa com a atividade cerebral.
        Os conceitos de genoma e zigoto já confirmam que neles já estão
presentes a hereditariedade de um ser codificado no DNA, portanto, o inicio de uma determinada espécie, o ser humano.
        Desculpe-me o doutor, mas o que espera que surja dessa fecundação? Um gato, um peixe, uma árvore? Uma semente de laranja germinada produzirá um pé de jabuticaba?
        Até quando o apresentador perguntou-lhe sobre o feto na 12ª semana, incrivelmente reconheceu a presença de “algo parecido com sistema nervoso, o cérebro, mas sem atividade cerebral” como que a sustentar que ainda na 12ª o feto não é gente.

        Quero aqui lembrar que a referência a 12ª semana usada pelo apresentador tem origem em cogitações sobre a possibilidade do aborto até essa idade do feto. Vejam, ao lado, um feto com essas semanas.


Apologia ao sexo
        Existiu uma verdade reconhecida no debate: que adolescentes desde os seus doze anos engravidam. Logo, “transam” ou “ficam”. E não se negue que a apologia ao sexo está levando a sua prática ate a menor de doze anos para depois chamar os parceiros de pedófilos e resolver o problema das que engravidam com o aborto.

Pensamento do Bial
Concluindo o debate, o apresentador arrematou com um pensamento que merece todo o meu respeito pela sua liberdade de vida e de expressão, mas que exige um reparo que faço com a mesma liberdade de interpretação e questionamento.
 Disse: “Ser a favor da legalização do aborto não significa ser a favor do aborto. E nenhum grupo tem autoridade para se proclamar a favor da vida como se aqueles que pensam diferente fossem contra a vida. O respeito à liberdade e aos direitos individuais é um dos fundamentos da sociedade democrática”.
        1º. “Ser a favor da legalização do aborto não significa ser a favor do aborto” é uma inegável contradição;
        2º. Se existem os que pensam diferente daqueles que se proclamam a favor da vida, é porque esses existem e são contrários à vida. E os direitos de manifestação são os mesmos para um e para o outro;
      3º. Quanto aos direitos individuais e fundamentos da sociedade democrática, a recíproca igualmente é verdadeira, gozando também as pessoas e a religião do direito democrático de exporem seus pensamentos e também de serem respeitados por isso. 

A posição da Igreja
        Com relação a posição da Igreja Católica, certamente incluída no referido grupo, fica o esclarecimento que seu papel religioso e espiritual é orientar segundo os princípios cristãos pela autoridade de Cristo, sem que isso signifique impor obediência o que já está bem esclarecido. Aliás, nem Deus obriga a ninguém, mas todos terão que prestar contas pelas suas escolhas deliberadamente erradas pelo mau uso do livre arbítrio.

E quando passa a existir a alma?
Outro ponto doutrinário que pouco se fala em defesa da vida, é o que a Igreja ensina sobre a existência da alma criada por Deus no mesmo instante da fecundação ligando o ser humano fecundado à vida espiritual. Mais um motivo para dizer NÃO AO ABORTO PROVOCADO. Você já pensou sobre as almas dos abortados?

Conclusão
        Termino minha análise critica ao lado dos que defendem a vida desde o início da concepção, por isto o aborto é crime, é contrário a vontade de Deus e a doutrina cristã conforme a bíblia, já previa o Didaquê – A Doutrina dos Apóstolos, está no 5º mandamento Lei de Deus e em  vários documentos da Igreja e principalmente em nossa consciência, daí o pecado para quem deliberadamente o pratica, além da excomunhão latae sententiae em alguns casos.
        Reconheço que muito mais poderia ser dito e que muitos não concordarão comigo, mas mesmo sem ser dono da verdade faço uso do que acredito e me foi confiado dizer, com a mesma liberdade dos contrários.
Diac. Narelvi


[1]Genoma é um código genético, que possui toda a informação hereditária de um ser, e é codificada no DNA. É o conjunto de todos os diferentes genes que se encontram em cada núcleo de uma determinada espécie. Na dotação cromossômica haploide, um núcleo possui só um genoma”.
Zigoto é a célula formada pela fusão dos gametas masculino e feminino, e que dará origem, por diferenciação e embriogênese, ao novo ser da espécie. No caso específico do ser humano”.


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