Algumas iniciativas surgiram para pressionar a retirada das repartições públicas, de todos os símbolos religiosos, principalmente a cruz .
Mas afinal, que encrenca é essa? De repente, as cruzes expostas em repartições públicas que há séculos existem, parece que começaram a incomodar.
É bom lembrar que no tempo de Cristo, no Império Romano e outros, a cruz era usada para punição dos escravos, ladrões e outros condenados. Era uma morte vergonhosa.
Mas quando Jesus se deixou morrer na cruz, aquele artefato de suplicio formado por dois toros, um vertical e outro horizontal atravessado - a Cruz - , se transformou no maior símbolo cristão porque foi crucificado que Jesus entregou o seu sangue para a remissão dos pecados, no maior gesto de amor pela humanidade. Deixou de ser símbolo de vergonha para se tornar símbolo de glória para a humanidade.
A partir de Cristo, então, a Cruz passou a sinalizar a fé e a presença dos cristãos, e porque o cristianismo cresceu e se propagou por intermédio da Igreja Católica, surgiu a idéia de que a Cruz a ela sempre remete.
Com o surgimento do protestantismo renegando as imagens, aboliu também o crucifixo reforçando mais ainda a ligação do catolicismo com a Cruz.
Hoje já se vê pastores com medalhas da Cruz na lapela e igrejas protestantes abrindo espaços para a Cruz nos seus Templos fazendo com que deixasse de ser exclusividade do catolicismo para representar todos os cristãos de qualquer segmento do cristianismo.
Com o crescimento das religiões que inconsistentemente combatem as imagens, acabou por ajudar aqueles que se prendem ao detalhe constitucional do estado laico para promover um questionamento sobre algo que não preocupa o povo porque não prejudica a ninguém e a nenhum credo, a não ser os mais preconceituosos do que legalistas que passaram a se incomodar com a Cruz nas repartições públicas. Mais parece obscurantismo e intolerância religiosa!
Ora, se a presença da Cruz é referencial para a Igreja Católica, mutatis mutandis, retirá-las, será referencial para as igrejas protestantes. Então, se deixar, lembrará o catolicismo; se retirar, lembrará o protestantismo. E aí como fica?
Na verdade, com ou sem os crucifixos nas repartições públicas os católicos, os protestantes e demais credos não serão mais valorizados nem inferiorizados nas suas ideologias e preferências. Afinal, o que vale realmente para o bom Cristão é o que a Cruz efetivamente representa.
São Paulo, 1 Cor 1, 18, diz: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina”. E em Gl 2,19, afirmou: “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo”.
Abrindo um parêntese, de um lado, reconheçamos: de que adianta uma Cruz de Cristo bem exposta, pendurada na parede das repartições publicas dos poderes constituidos, nas salas de aulas, ou numa correntinha no pescoço, ou até mesmo numa Igreja se Jesus não for lembrado e respeitado, e se nesses recintos forem praticados atos de injustiça, de corrupção, de perseguição, de intolerância e outras imoralidades?
Por outro, a presença da Cruz inegavelmente sempre será um símbolo inspirador da religiosidade, da paz, do amor, da compreensão, do respeito, da justiça, da tolerância e da fraternidade não apenas para os católicos, mas a todos os cristãos e não cristãos, e até mesmo para os agnósticos e ateus. A cruz em locais públicos fala por si mesma como mensagem de justiça e fraternidade, assim como faria bem uma estampa de Martin Luther King a lembrar suas frases como "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silencio dos bons" ou "Eu tive muitas coisas que guardei em minhas mãos, e as perdi. Mas tudo o que eu guardei nas mãos de Deus, eu ainda possuo"..
Ademais, dizer que porque o nosso país é laico não se podem colocar crucifixos nas repartições públicas, então a nossa própria Constituição Federal é incoerente com o estado laico na medida em que a Nação, por seus representantes, expressamente fez constar no seu preâmbulo: “promulgamos sob a proteção de Deus” !
Enfim, existem tantas coisas inúteis e imorais acontecendo em nosso país e que o povo não gosta e reclama e que mereciam atenção, mas que esses mesmos que estão brigando com a cruz fazem vistas grossas.
Por trás dessa idéia de retirar crucifixos das repartições públicas sempre se encontra alguém que não se dá bem com os princípios cristãos. Recentemente o Conselho Superior da Magistratura do TJRS (anteriormente negado) em procedimento administrativo proibiu o uso de crucifixos ou símbolos religiosos dentro daquele Estado (ainda não cumprido, conforme noticiários). Sabem quem liderou o pedido? Acreditem: uma ONG Liga Brasileira de Lésbicas!
O Brasil é um país laico, mas predominantemente Cristão. Deixem a Cruz em paz.
Diác. Narelvi
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