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quarta-feira, 7 de março de 2018

O DILEMA DE UMA HOMILIA. CURTA OU LONGA?



Nem muito curta nem muito longa!

Tenho consciência e por isso questiono-me quanto ao tempo das minhas homilias. Digo minhas porque é o que coloco em pauta agora já que cada pregador na ordem do Ministério Ordenado é livre para determinar o tempo que quiser usar na sua pregação.


Não encontramos nas regras litúrgicas determinação do exato tempo de duração de uma homilia, mas na pratica a maioria dos pregadores usam em média dez minutos, assim como a duração da Missa costumeiramente é de sessenta minutos. O que está bem claro é que “as homilias sejam de verdade fruto da meditação, bem preparada, não muito longa nem muito breve e que nela se dê atenção a todos os presentes, inclusive as crianças e a gente simples” (OLM 24)[1]”.


Para mim, sem desrespeitar as orientações litúrgicas e as circunstâncias da celebração, elas devem levar o tempo necessário para que o Evangelho e demais leituras bíblicas do dia sejam respeitosamente e profundamente refletidas e transmitidas aos fiéis na linguagem que conheço, a da simplicidade e estilo coloquial, mesmo porque não saberia fazer uso da linguagem culta para falar sobre as coisas de Deus a um povo que está na Igreja não para apreciar a intelectualidade do pregador, mas a meiguice da mensagem de Jesus. 


Às vezes um ou outro irmão da assembléia encoraja-se para me dizer delicadamente “As suas homilias são boas, mas um pouco longas...”. Até compreendo porque enquanto que para uns cansa ouvir sobre mensagens evangélicas, para mim não cansa falar. Mas...


Talvez eu traga dentro de mim o habito dos trinta anos de magistério com três a cinco aulas de 50 minutos por noite, ministradas para alunos jovens sem “matar” nenhum minuto sequer e sem nenhuma enganação omitindo trechos da matéria (que chamávamos de ponto). Tudo era bem explicado já que meu dever consistia em fazer com que alunos compreendessem e aprendessem.


Pois bem.


Falando em celebração dominical, temos a proclamação do Evangelho e duas leituras do NT e AT além do salmo. 


O pregador depara-se então nas Missas e Cultos Dominicais, liturgicamente, obrigatoriamente, com “três leituras”.


Essas proclamação e leituras obviamente que são feitas para guiar a comunidade dos fiéis a participar ativamente na Eucaristia, para que eles “expressem na vida o que receberam na fé”[2].


Ora, se são apresentadas três leituras o mínimo que se espera é que o pregador concentre sua homilia abordando exatamente embora resumidamente, mas sem perder o essencial, as mensagens dos três textos bíblicos.  A mim parece-me que selecionar alguns versículos das leituras só para deixar curta a homilia, faz-me sentir como se estivesse fraudando as mensagens evangélicas e tolhendo os fiéis desse momento maravilhoso para alimentar a espiritualidade. Então não seria mais lógico liturgicamente reduzir para uma só leitura, por exemplo, do Evangelho?


Para mim é praticamente impossível refletir e passar aos fieis as mensagens de uma forma clara e bem explicada, em cinco ou dez minutos. Necessito de mais tempo! 


Quando exercia o magistério aprendi a interpretar a receptividade dos alunos e quando percebia algum desinteresse fazia os ajustes necessários. 


Quando prego a Palavra de Deus nas minhas homilias, a estratégia é a mesma. Sei reconhecer se a mensagem esta agradando ou não, principalmente pelo olhar atento dos fiéis ou pelas demonstrações de impaciência.  Procuro interagir com meus irmãos ouvintes. 


Afinal, o bom católico sabe que os dois momentos mais importantes das celebrações são a Eucaristia e a Palavra com o mesmo peso na espiritualidade. 


Nas leituras e nas pregações comungamos a Palavra de Deus. Exigir uma pregação rapidinha, mesmo que sem conteúdo, É UM DESRESPEITO AO ANUNCIO DO EVANGELHO.


Já fizeram a conta quanto tempo demoram os cantos algumas vezes com prolongadas estrofes e refrãos mesmo depois de terminados os momentos? E o comentário inicial? E os avisos, então? 


Pergunto-lhes só para argumentar porque são partes importantes das celebrações e eu gosto, não seria então o caso de reduzir esses momentos para valorizar mais as homilias?


As celebrações litúrgicas católicas não podem ser comparadas a um jogo de futebol com apito final exatamente aos 45 minutos. Às vezes me da a impressão de que um ou outro gostaria de apitar o final homilia e da Missa ou da Celebração da Palavra aos 60 minutos. 


Concluo usando das palavras do pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual: Com esta viva exposição, a proclamação da palavra de Deus e a celebração da Igreja podem alcançar uma eficácia maior, desde que a homilia seja realmente o resultado da meditação, bem preparada, nem muito longa nem muito curta, e que saiba se dirigir a todos os presentes, incluindo as crianças e as pessoas mais humildes”.


É muito mais sensato ao católico reclamar pela melhor qualidade da homilia quando for o caso, do que por uns minutos a mais do tempo que se leve para anunciar a Palavra de Deus.


Em todo o caso, vou me policiar um pouco mais a titulo de experiência para não tornar longa a homilia, e ver o que acontece.

Na paz de Cristo. Dc Narelvi



[1] Novo Diretório Homilético - Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos (CCDDS).

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