Nem muito curta nem muito longa!
Tenho consciência e por
isso questiono-me quanto ao tempo das minhas homilias. Digo minhas porque é o que
coloco em pauta agora já que cada pregador na ordem do Ministério Ordenado é
livre para determinar o tempo que quiser usar na sua pregação.
Não encontramos nas regras
litúrgicas determinação do exato tempo de duração de uma homilia, mas na
pratica a maioria dos pregadores usam em média dez minutos, assim como a
duração da Missa costumeiramente é de sessenta minutos. O que está bem claro é
que “as homilias sejam de verdade fruto da meditação, bem preparada, não muito longa nem muito breve
e que nela se dê atenção a todos os presentes, inclusive as crianças e a gente
simples” (OLM 24)[1]”.
Para mim, sem desrespeitar
as orientações litúrgicas e as circunstâncias da celebração, elas devem levar o
tempo necessário para que o Evangelho e demais leituras bíblicas do dia sejam
respeitosamente e profundamente refletidas e transmitidas aos fiéis na linguagem
que conheço, a da simplicidade e estilo coloquial, mesmo porque não saberia
fazer uso da linguagem culta para falar sobre as coisas de Deus a um povo que
está na Igreja não para apreciar a intelectualidade do pregador, mas a meiguice
da mensagem de Jesus.
Às vezes um ou outro irmão
da assembléia encoraja-se para me dizer delicadamente “As suas homilias são boas, mas um pouco longas...”. Até compreendo
porque enquanto que para uns cansa ouvir sobre mensagens
evangélicas, para mim não cansa falar. Mas...
Talvez eu traga dentro de
mim o habito dos trinta anos de magistério com três a cinco aulas de 50 minutos
por noite, ministradas para alunos jovens sem “matar” nenhum minuto sequer e
sem nenhuma enganação omitindo trechos da matéria (que chamávamos de ponto).
Tudo era bem explicado já que meu dever consistia em fazer com que alunos compreendessem
e aprendessem.
Pois bem.
Falando em celebração
dominical, temos a proclamação do Evangelho e duas leituras do NT e AT além do
salmo.
O pregador depara-se então
nas Missas e Cultos Dominicais, liturgicamente, obrigatoriamente, com “três
leituras”.
Essas proclamação e
leituras obviamente que são feitas para “guiar a comunidade dos fiéis a participar ativamente na Eucaristia, para
que eles “expressem na vida o que receberam na fé”[2].
Ora, se são apresentadas três leituras o mínimo que se espera é que o
pregador concentre sua homilia abordando exatamente embora resumidamente, mas
sem perder o essencial, as mensagens dos três textos bíblicos. A mim parece-me que selecionar alguns versículos
das leituras só para deixar curta a homilia, faz-me sentir como se estivesse fraudando
as mensagens evangélicas e tolhendo os fiéis desse momento maravilhoso para
alimentar a espiritualidade. Então não seria mais lógico liturgicamente reduzir
para uma só leitura, por exemplo, do Evangelho?
Para mim é praticamente
impossível refletir e passar aos fieis as mensagens de uma forma clara e bem
explicada, em cinco ou dez minutos. Necessito de mais tempo!
Quando exercia o
magistério aprendi a interpretar a receptividade dos alunos e quando percebia
algum desinteresse fazia os ajustes necessários.
Quando prego a Palavra de
Deus nas minhas homilias, a estratégia é a mesma. Sei reconhecer se a mensagem
esta agradando ou não, principalmente pelo olhar atento dos fiéis ou pelas
demonstrações de impaciência. Procuro
interagir com meus irmãos ouvintes.
Afinal, o bom católico
sabe que os dois momentos mais importantes das celebrações são a Eucaristia e a
Palavra com o mesmo peso na espiritualidade.
Nas leituras e nas
pregações comungamos a Palavra de Deus. Exigir uma pregação rapidinha, mesmo
que sem conteúdo, É UM DESRESPEITO AO ANUNCIO DO EVANGELHO.
Já fizeram a conta quanto
tempo demoram os cantos algumas vezes com prolongadas estrofes e refrãos mesmo
depois de terminados os momentos? E o comentário inicial? E os avisos, então?
Pergunto-lhes só para
argumentar porque são partes importantes das celebrações e eu gosto, não seria então
o caso de reduzir esses momentos para valorizar mais as homilias?
As celebrações litúrgicas
católicas não podem ser comparadas a um jogo de futebol com apito final
exatamente aos 45 minutos. Às vezes me da a impressão de que um ou outro gostaria
de apitar o final homilia e da Missa ou da Celebração da Palavra aos 60
minutos.
Concluo
usando das palavras do pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor
espiritual: “Com esta viva exposição,
a proclamação da palavra de Deus e a celebração da Igreja podem alcançar uma
eficácia maior, desde que a homilia seja realmente o resultado da meditação,
bem preparada, nem muito longa nem
muito curta, e que saiba se dirigir a todos os presentes, incluindo as
crianças e as pessoas mais humildes”.
É muito mais
sensato ao católico reclamar pela melhor qualidade da homilia quando for o
caso, do que por uns minutos a mais do tempo que se leve para anunciar a
Palavra de Deus.
Em todo o
caso, vou me policiar um pouco mais a titulo de experiência para não tornar
longa a homilia, e ver o que acontece.
Na paz de
Cristo. Dc Narelvi
[1]
Novo Diretório Homilético - Congregação
do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos (CCDDS).
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