Amigos.
Hoje vamos trazer à baila um tema curioso que eu já vinha
pensando. Embora o assunto pareça desinteressante não
deixa de ser algo até sério na medida em que envolve a graça da Salvação concedida
por Jesus Cristo e religiosidade consciente segundo a Igreja Católica.
O apego a cães é uma
realidade atual que vem passando dos limites a ponto de se pretender humanizar
os cachorros às vezes até prejudicando a sua própria natureza.
Antes que alguém sinta-se indignado, ressalvo que dou
parabéns e apoio a todos os que estimam e dão bom trato não apenas aos cães,
mas a todos os animais. O respeito aos animais domésticos ou não faz parte da
moral cristã e tem a ver com a criação divina, e até conta com legislação que
estabelece como crime maltratar animais.
Compreende-se
que a lealdade de um cão existe e sua perda como a de qualquer bicho de
estimação possa causar tristeza em seu dono, porém, não deve chegar a uma “dor profunda” como se fosse seu filho, pai
ou mãe que tivesse morrido. Sem duvida há quem exagere nessa dedicação.
Embora raramente em alguns cristãos católicos chega-se, aí
sim, à insensatez de cismar que o “falecido” cachorro tem um “merecido” lugar
no além (entenda-se, céu), e até a bíblia é citada para justificar essa ideia.
O versículo que me foi apresentado é o seguinte:
“O justo importa-se com a ALMA do seu
animal doméstico, mas as misericórdias dos iníquos são cruéis” Prov. 12,10.
É
um assunto interessante! Vamos lá. CACHORRO QUANDO MORRE VAI PARA O CÉU? ENTÃO,
TAMBÉM PODERÁ IR PARA O INFERNO!
Inicialmente, verifiquei que as bíblias
católica e a protestante trazem
o versículo nos seguintes termos. Compare: “O justo cuida das necessidades de seu gado,
mas cruéis são as entranhas do ímpio” (Bíblia católica Ave Maria); “O
justo conhece as necessidades do seu gado, mas as entranhas dos ímpios são
cruéis.” (bíblia católica Bíblia de Jerusalém); “O justo olha pela VIDA dos seus animais, mas as misericórdias dos
ímpios são cruéis” (Bíblia protestante THOMPSON tradução de João Ferreira
de Almeida). Não falam em ALMA.
Então procurei na bíblia das Testemunhas
de Jeová e encontrei a versão apresentada pela pessoa que citou o versículo bíblico.
E encontrei exatamente como o original: “O justo importa-se com a ALMA do seu animal
doméstico, mas as misericórdias dos iníquos são cruéis” Prov. 12,10.
Só que como as Testemunhas de Jeová fazem revisão da
tradução da sua bíblia, o versículo acima corresponde à bíblia edição de 1986,
portanto, desatualizada já que pela revisão feita em 2015 o versículo passou a nova redação
retirando a palavra “alma”: “O
justo cuida dos seus animais domésticos. Mas até a misericórdia dos maus é cruel”.
Portanto, o versículo bíblico na sua primeira parte na
verdade chama a atenção para o zelo, cuidado, carinho, estima que se deve ter
pelos animais sem nenhuma conotação com a “alma” humana que para os cristãos é
imortal, isto é, continua existindo mesmo depois da morte do corpo, passando
para a eternidade, sendo que a parte
final do versículo recrimina, chama de cruel o homem que não trata bem os
animais.
O
homem é diferente dos animais porquanto que criado à imagem e semelhança de
Deus com todos os sinais de uma vida plena como consciência, raciocínio,
inteligência, vontade própria e outras qualidades inerentes ao ser humano, e é
o único que tem uma alma imortal, transcendente porque é espiritual e não
material, tem noção do bem e do mal.
Em
termos de existência poderíamos considerar os reinos animal, vegetal e mineral.
Fiquemos no momento somente com o reino animal.
Bem!
Se considerarmos que “alma” é o principio da vida e vem do latim anima, nesse sentido podemos dizer,
então, que os animais têm alma, isto é, tem VIDA.
Contudo,
essa “alma animal” por pertencer a VIDA MATERIAL termina, deixa de existir no
momento em que o animal morre.
Já
a alma humana, VIDA ESPIRITUAL, uma vez colocada por Deus no homem no momento
da fecundação, dá vida e imortalidade ao ser humano. Imortal porque o homem, ao
morrer, tem sua alma separada do corpo cuja alma não morrerá jamais. Essa alma
é quem prestará contas a Deus e será merecedora ou do céu ou do inferno.
Portanto,
os animais desaparecem do mundo no momento da sua morte porque não possuem vida
espiritual, mas somente material, diferente, portanto, dos homens.
O Catecismo da Igreja Católica nos parágrafos 2415 a 2457
descreve sobre os animais e os homens destacando o respeito por essas criaturas
de Deus, e coloca o homem segundo a vontade de Deus, como administrador dos animais que não podem
ser levados a sofrimentos, mas ressalva no § 2418 que “É contrário à dignidade
humana, fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas. E
igualmente indigno gastar com eles o que deveria prioritariamente aliviar a
miséria dos homens. Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para
eles o afeto devido exclusivamente às pessoa”.
Logo, quem
quiser estabelecer “alma” como inicio de vida pode até dizer que animais têm
alma, mas material, que não se confunde com alma no sentido espiritual, de
imortalidade que somente os homens têm.
Dessa forma convém tomar cuidado para
que ao manter animais, destacadamente o cão, não se descuide dos nossos irmãos
que sofrem e pedem nossa ajuda e misericórdia.
Aliás, um parênteses galhofa: para que não se
discriminem os animais uns dos outros, quem acreditar sinceramente na
possibilidade de o cachorro ir para o céu, então admita que os elefantes,
leões, tartarugas, lagartixas, baratas, escorpiões, gatos, baleias e tubarões
também possam ir, assim como as galinhas, bois e leitões que por respeito
“espiritual” nem deveriam servir de alimento.
Concluindo. Aos que exageram a ponto de
querer atribuir alma imortal e céu para cachorros (ou inferno?) me faz afirmar sob
os fundamentos doutrinários cristão-católico e assim acredito, que nem cachorro
nem bicho algum tem alma espiritual, pois que ao morrerem morre ao mesmo tempo
o corpo e a alma-vida-material, sem nenhuma probabilidade de alcançar o Reino
Celeste que Deus reservou e Jesus preparou para moradia dos homens.
Nota.
Essa posição é minha e católica e não interfere na crença contrária de outros
credos e religiões.
Dc Narelvi.
Parabéns Narel, muito bom.
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