Carta Apostólica Porta Fidei, de Bento XVI, sobre o Ano da Fé
Porta Fidei
com a qual se proclama o Ano da Fé (out/2012 – out/2013
com a qual se proclama o Ano da Fé (out/2012 – out/2013
O Papa Bento
XVI ao proclamar o Ano da Fé apresenta a carta apostólica “Porta da Fé” e quase como uma abertura lembra-se
do que disse no inicio do papado: “Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de
Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar,
com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com
Cristo”.
Redescobrir o caminho da fé. É o que me
parece ser o objetivo do documento.
Falamos tanto
em fé, palavra que chega a parecer expressão quebra-galho aplicada para
qualquer situação honrosa ou desonrosa que muitas vezes sai da nossa boca sem
pensar, assim como quando se diz “Nossa Senhora”, “meu Deus” e outras
exclamações.
Mas o assunto
é “FÉ” no sentido profundo de quem
crê em Deus e Nele confia e espera.
Não se trata,
portanto, apenas de acreditar como quem acredita na existência do sol ou da
lua, mas de colocar essa crença num plano mais transcendental, divino,
servindo-se dos conhecimentos adquiridos no dia a dia, seja na família, na
igreja, na escola, na rua, em qualquer espaço deste mundo, e principalmente na
experiência de vida.
Podemos dizer
que a fé nesse sentido de elevação para o mistério do conhecido ou desconhecido
é nato do ser humano.
Se
encontrássemos um homem nascido e criado na natureza desacompanhado de qualquer
outro semelhante, com certeza encontraríamos nele um sentimento de crença e de
fé, mesmo que rudimentar.
Entendemos,
então, que a fé se educa e mesmo que adquirida ou desenvolvida em outras culturas,
amolda-se à estrutura conhecida para se confiar no desconhecido.
Como somos
cristãos e reconhecemos em Jesus a mesma pessoa de Deus, naturalmente que o
Papa preocupa-se com a fé cristã católica.
Dentre tantas
e sábias citações presentes na Carta Apostólica, situo-me no que diz São Tiago 2, 17-18 de que a fé sem
obras é morta, com o desafio de que com
as obras se revela a fé, mas a fé sem as obras não é transparente, embora possa
ser verdadeira.
Podemos,
então, dizer que para o cristão a fé que pedimos no batismo deve crescer com
consciência e que se desenvolve com o aprendizado sobre o Sagrado, por
intermédio de um exercício espiritual que desabrocha desde a pequenez do nosso
ser criança até o amadurecimento da idade adulta e da velhice quando se chega
ao fim da vida terrestre, momento em que a fé abstrata se transformará na
certeza de tudo aquilo que a fé em vida sugeriu.
Esse exercício da fé se repete em todos os
momentos, mas essencialmente nas orações, no Sacrifício de Jesus na Santa Missa
e em outras manifestações de religiosidade.
Não basta,
portanto, julgar-se possuidor de fé, escondendo-a. Por isso somos chamados a
ser Luz do mundo, testemunhas e imitadores de Cristo sem deixar de lado os
exemplos dos Santos do Céu pelos seus passados
e especialmente dos santos vivos que estão conosco.
Somos dotados de inteligência e ela deve
nos fazer chegar a Deus pela razão e pelo intimo convencimento (a fé) de que o
Senhor existe e é o único autor da vida, provedor da perfeição do homem e capaz
de retirar o pecador do que a Carta chama de deserto para ingressar
definitivamente na plenitude da vida no Reino dos Céus.
Precisamos,
então, avaliar a intensidade e consistência da nossa fé. Precisamos fazer das
nossas vidas de Igreja não um costume rotineiro de prática religiosa pela
simples tradição de fazer, mas de momentos de entrega e confiança num Deus real
que se fez outro em Jesus para poder falar de si mesmo aos homens propiciando-lhes a felicidade desde já.
“A Igreja é a
porta aberta que acolhe a todos para ouvir a Palavra de Deus anunciada,
deixando o coração plasmar pela graça que transforma, passando pela Porta da Fé permitindo embrenhar-se num
caminho que dura a vida inteira”, diz o Papa.
Precisamos de
uma nova catequese. Igualmente reaprender a sermos cristãos católicos, confiar
naqueles que dirigem a Igreja de Cristo porque eles foram autorizados por Jesus
para falar em seu nome embora também precisem como primeiros, de renovação
espiritual, formação permanente, intelectualidade sem perder a caridade, e com
muito zelo manter a unidade e diretrizes do clero e da Igreja.
Abandonemos o relativismo religioso
como se os compromissos cristãos se limitassem aos três tempos: Batismo,
primeira Eucaristia e Exéquias já que até o casamento religioso está sendo
desprezado.
Precisamos nos
orgulhar da nossa crença, das nossas celebrações litúrgicas e por sermos
católicos, defender a nossa fé, fazer dos Sacramentos verdadeiramente sinais da
presença de Cristo.
Sem precisar dos exageros antigos das borlas fixadas nas roupas
pelos filhos de Israel para lembrar e praticar os mandamentos (Nm 15,38-40), e
com todo o respeito, nem andar com a bíblia debaixo do braço, saiamos do
anonimato católico e nos transformemos em fiéis anunciadores e praticantes da
Palavra. Espaço existe na Igreja.
A Igreja e o
Papa nos convidam, portanto, a “readquirir o
gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus e do Pão da Vida” que acontecem nas Missas.
O Ano da Fé “é convite para
uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo”.
Somos fortes.
Somos fiéis e estamos na Igreja certa instituída por Jesus. É só se deixar
guiar pelo Espírito Santo, buscar Jesus na Eucaristia, fazer das nossas
famílias verdadeiras igrejas domésticas e das nossas comunidades, comunidades
do Povo de Deus que caminham lado a lado com o irmão sabendo que “A Igreja no
seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para
conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o
Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude”.
Temos o ano
todo (out/12 a out/13) para refletir buscando soluções e crescimentos para o
redescobrimento do caminho da fé e
fortalecimento da Igreja de Cristo e da nossa religiosidade consciente.
Mãos à obra meus irmãos bispos,
presbíteros e diáconos e todos os leigos que compõem a força viva da Igreja.
Busquem nas suas paróquias intensificar através dos diversos movimentos e
pastorais, principalmente naqueles em que devem estar presentes crianças e
jovens, as formações que levem a descobertas de lideranças, transmitam um
melhor conhecimento do catolicismo, das Sagradas Escrituras, do Catecismo da
Igreja Católica e documentos da Igreja; a uma religiosidade que verdadeiramente
religue o homem a Deus, e que é na Santa Missa que a Fé mais se desperta pelo
ritual em que se celebra o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus
Cristo. Não deixem latente a sua fé.
Diac. Narelvi
(Publicado também no site: http://missasalette.com.br)
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