O PAPA E A PROPRIEDADE PRIVADA
Boa noite. Estou repassando algumas mensagens que recebi
de amigos, dias trás. Esta achei
interessante e merecedora do meu comentário -
padrão para todos - com crítica
ao Papa sobre propriedade. Dá para notar que o comentarista do vídeo pinçou
algumas palavras ou textos que lhes pareceu conveniente. Li e entendi as
mensagens do Papa na integra e não achei comprometedora sobre o assunto que
agora transmito. Abraços.
Pois é!
Tudo por que o Papa teria se referido à propriedade
privada como um direito fundamental ao que chamou de “direito secundário”,
colocando-a subordinadamente ao direito universal do uso dos bens “direito
primário”. Disse que todos tem direito de usa-los.
Essa declaração foi dada pelo Papa no dia 17 de junho
de 2021 em mensagem enviada à Organização Internacional do Trabalho, à
OIT, órgão da Organização das Nações Unidas, em sua reunião anual.
Entendendo a
mensagem do Papa:
Retrocedendo à criação do mundo encontramos em Gn 1,
26-30 que Deus confiou aos homens o reinado de tudo o que Ele criou, inclusive
a TERRA. Então temos que a terra é um bem universal colocado por Deus à
disposição de todos os homens. Logo, o
Papa está certo quando fala em direito primário.
Na medida em que o homem passou a cuidar desses bens,
por uma questão natural e convívio em grupos (primeiras comunidades) o instinto
de “dono” já despertava entre eles desde a antiguidade.
Essa ideia de propriedade nós já a encontramos no
Antigo Testamento desde Adão e Eva assim chamados os primeiros seres humanos
brindados que foram com toda a criação como utilidade e meio de sobrevivência.
Dentre os Mandamentos da Lei de Deus a proibição de “não furtar”, de cobiçar
tudo o que pertence aos outros, já indica que devia existir alguma coisa de
propriedade de alguém. Também em At 5,1. Logo o Papa está certo quando fala em direito
secundário.
Esses direitos chegaram até nós pelas leis divinas e
leis humanas.
A Constituição Federal garante no artigo 5º o direito
à propriedade. Todos sabem disso. E o
Papa também com maior sabedoria cristã.
Humanamente falando não costumamos assimilar no dia a
dia o chamado “direito primário”, porém, mesmo assim a CF e Leis inspiradas em
princípios religiosos cristãos garantem a destinação social dos bens (no caso, da
terra) por expropriação remunerada mediante necessidade comprovada.
Essa garantia é preceito democrático respeitando o
estado de direito dos indivíduos. Não é comunismo onde as propriedades são APROPRIADAS abruptamente
pelo Estado sem nenhuma indenização.
O Papa sabe de tudo isso. Portanto sua fala não o
compromete com comunismo ou socialismo nem o seu Pontificado. O que ele quis
dizer é que o homem não deve se apegar aos bens materiais gananciosamente, supérfluos,
sem que tenha a mínima preocupação com os mais necessitados. A bíblia ensina
isso.
Mt 6, : “19Não ajunteis para
vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões
furtam e roubam.20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os
consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam”.
Destarte, todos tem o direito de usar a propriedade. Nesse
prisma é um direito secundário que nasce do direito universal (primário) do uso
dos bens que vieram do Criador.
O jornalista vê no texto algo terrível e blasfema
raivosamente contra o Papa. De cara, o comentário deixa de merecer credibilidade
por evidente parcialidade e ódio contra o Papa e quiçá contra a Igreja. Vomita
ofensas chamando-o de comunista, anticristo, defensor dos cubanos, Venezuelanos
etc. Nada disso encontrei no texto do discurso do Papa em comento.
Um homem de Deus como o Papa que ocupa o lugar de
Pedro, chefe universal da Igreja Católica, que celebra a Santa Missa, que por
suas mãos assim como de todos os sacerdotes católicos Jesus torna-se presente
na Eucaristia (transubstanciação), não dá para imaginá-lo compactuando com o
comunismo ou socialismo político inimigos da doutrina cristã.
Ademais, saibam que certas opiniões pessoais do Papa eventualmente
expostas, e que não sejam proferidas ex cathedra
sobre moral e fé, não obriga os católicos e não alcança outras religiões ou
pessoas não religiosas.
O cristão católico é livre para fazer suas críticas
até ao próprio clero quando erra e fere o Evangelho, e a se opor a regimes
políticos e a tudo o mais que agrida a família, a fé e a moral cristã, porém
respaldado na verdade refletida sem se deixar levar por impulsos que possam
trazer consequências desastrosas, e não esquecer o significado que o Papa tem
para a Igreja de Jesus. Não existe Igreja cristã sem Jesus e sem o Papa aqui na
terra a quem o Mestre credenciou: “Sobre
esta pedra edificarei na MINHA Igreja”. Tenhamos então cuidado como
católicos para evitar que, em sentido inverso ao da doutrina crista católica e
pelo mau testemunho levemos a nós mesmos e aos outros a perder a crença no
Evangelho e na religião que professamos.
Paz de Cristo.
Tornar seu uma coisa alheia